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SC Beira-Mar: A hora é de mobilização, não de divisão

simbolobeiraSport Clube Beira-Mar. Clube nascido durante o ano de 1922. Clube que já passou por várias crises históricas – basta reler notícias de jornais e actas de várias épocas. Clube que está num momento de viragem, em 2015, rumo ao centenário da sua fundação. Ou rumo ao seu fim. Espero que seja o primeiro. Como quero fazer parte da Comissão do Centenário, é altura de trabalhar para que exista um GRANDE Sport Club Beira-Mar em 2022. Espero que tenham a paciência para ler mais um pouco. Aviso, com tristeza para alguns, que não irei criticar ninguém.

Primeira reflexão: não é momento de divisão, é momento de mobilização – ao contrário de outros beiramarenses e aveirenses (entendo que haja segundos que não queiram ser primeiros…), entendo que a actual situação do Sport Club Beira-Marnão deve ser motivo para “caça às bruxas”, ataques, ajustes de contas, expulsões. Acho que os verdadeiros beiramarenses não se revêem neste tipo de situações.  As divisões e os ataques pessoais já violentaram muito o clube e isso não pode continuar a acontecer. Todos temos a nossa opinião sobre o que aconteceu nos últimos 25 anos.  O António tem a sua, o Alberto também e o João, decerto pensa de outra maneira. Entendem que a direcção X matou o clube, a direcção Y apertou o pescoço e a Comissão Z esventrou-o. É altura de PARAR com esta divisão. Também é altura de parar com o egocêntrico: “eu salvei o clube”. Não foram os primeiros…

carroalegoricobeiramarOs sócios do clube são todos, uns ENORMES beiramarenses. Aqueles que irão continuar a pagar 25 euros, ou mais, por ano, para existirmos. As direcções que passaram pelo clube tentaram, decerto, e cada um da sua forma, tudo para atingir grandes desígnios. Cada uma tinha o seu modelo financeiro e a sua estratégia desportiva. E se correu mal ou bem, também é de louvar o dispêndio de tempo e as questões profissionais que a sua participação numa direcção de um clube levou.

Os culpados somos todos nós.

Há quem saia do clube e deixe de ir às assembleias gerais, há quem se sirva do clube. Mas a verdade é que foram os sócios do clube que se alhearam da vida associativa e do NOSSO clube. Os sócios que continuaram a acreditar, não no Pai Natal, mas em orçamentos que não existiam e contas com passivo. Mesmo os que votaram contra certas medidas – onde eu me incluo – tiveram uma falha: a de não conseguir convencer as pessoas da verdade e da boa intenção das suas acções.

Nos últimos 25 anos, o Sport Clube Beira-Mar teve direcções autofágicas. Teve inimigos figadais de uma direcção para a outra. Perdeu sócios por isso. Perdeu sócios porque as equipas só se preocupavam ou com a sobrevivência ou com o futebol. Perdeu a ligação à cidade, a cidade perdeu a ligação ao clube. Com o fim de uma série de modalidades, perdemos o amor, o clubismo, a ligação umbilical aos que ainda decidem alguma coisa nesta cidade.

Nesta fase temos que reagir. Temos que unir. Ser ambiciosos e realistas. Temos que voltar a ser um clube de bairro, com a humildade e o engenho que os clubes de bairro possuem para sobreviver. Nesta fase é que vamos ver s ainda temos a garra das gentes de Aveiro, da Beira-Mar. Ou dos beirões que se juntaram. Somos 500 em 10 modalidades, seremos 5000 com 20 se todos derem as mãos.

Deixo algumas linhas de acção para o futuro:

  1. Temos que saber quem somos. Proceder à renumeração e à maior campanha de novos sócios, com quota única (e várias modalidades para empresas e para quem pretenda realmente ajudar o clube)
  2. Temos que saber o que queremos. Definir e projectar o clube para 2022 – Projecto Desportivo, Modalidades a abranger, Definição de estruturação, Instalações Desportivas, Área de Acção, Marketing e Comunicação
  3. Temos que saber lutar para ter património. Numa zona estratégia da cidade. Património que nos faça crescer em número de sócios, em serviços, em pujança clubística e em saúde financeira.
  4. Temos que ser humildes. Um clube, a exemplo do país, que está nas mãos dos credores, não é um clube, é um joguete. Temos que pensar em orçamentos de filosofia zero, voltar a fazer bifanas, rifas, t-shirts e cachecóis, pois não podemos ter despesas superiores às receitas. As secções e o clube têm que estar em união – serem unos. Não podemos ter camisolas sem patrocínio. Temos que pedir aos nossos credores que, numa acção benemérita, decidam anular as dívidas. Quem o fizer, receberá os elogios dos verdadeiros beiramarenses!

E por fim, temos que estar unidos. Não vamos pelo caminho dos ataques ou das destituições de sócios. Quem for para Assembleias Gerais para defender essas políticas, terá neste sócio um feroz inimigo. Quem for para a Assembleia para ajudar, terá aqui o maior aliado.

Em 1995, Nelson Mandela numa das suas primeiras acções, criou a Comissão da Verdade e Reconciliação. Esta estrutura estava inspirada na filosofia Ubuntu. A palavra Ubuntu tem origem em África e exprime a consciência da relação entre o indivíduo e a comunidade.  Na tradição sul-africana, a reconciliação se exprime através do ubuntu ou humanismo, que inclui valores como a compaixão e o comunhão – valores que orientaram a Comissão Verdade e Reconciliação e serviram como base para a formulação dos objetivos nacionais de reconstrução e reconciliação. Existiram “Comissões” deste tipo na África do Sul, Peru, Chile, Coreia do Sul e muitos outros países.  Só assim se ultrapassaram décadas de mortes, ataques e divisões…

QUEREM AJUDAR O BEIRA-MAR? 25 euros por ano a multiplicar por 25 mil sócios dava para um orçamento anual de 625 mil euros, suficiente para nos guindarmos, em passos seguros, ao topo das modalidades portuguesas!

João Manuel Oliveira

joao.oliveira@gmail.com

Sócio do Sport Club Beira-Mar e secretário da mesa do Conselho Beiramarense

Artigo Publicado no Diário de Aveiro

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